Um receio crescente na área da saúde é a qualidade, que deve melhorar a experiência do paciente, reduzir riscos de eventos adversos e melhorar os resultados e indicadores de eficiência das instituições envolvidas.
Mas a busca pela melhoria da qualidade de produtos e processos na área da saúde, como em qualquer outra, está diretamente ligada à capacidade e à qualidade de medir, analisar e tomar decisões assertivas.
O fato é que não podemos melhorar a qualidade ignorando aspectos e conceitos da metrologia. As medições e a qualidade dessas medições, em especial na área da saúde, têm muita relevância para a melhoria dos indicadores e resultados da área.
É possível citar uma farmácia de manipulação como exemplo. Uma balança com um erro de medição desconhecido ou utilizada de forma inadequada pode afetar diretamente a eficácia do medicamento.
Outro exemplo que podemos trazer são os exames clínicos. Laboratórios de análise clínica utilizam diferentes instrumentos, equipamentos, reagentes ou métodos de ensaio para apresentarem resultados fundamentais para definir a condição do paciente. Imagine um erro em algum desses equipamentos?
A medição na área da saúde
Em uma cirurgia, por exemplo, temos diferentes equipamentos e instrumentos de medição monitorando a condição do paciente, tais como: saturação no nível de oxigênio, pressão arterial, temperatura do corpo do paciente, nível de batimento cardíaco, entre outros.
Outro ponto que podemos observar é o pré-operatório. Onde o paciente precisa realizar uma bateria de exames e análises clínicas para avaliar se sua condição é adequada ou não para a realização do procedimento.
Esses exames e análises clínicas são realizados para a obtenção de valores (resultados de medições) que são avaliados para definição e monitoramento dos tratamentos, definição ou não da condição de saúde do paciente, quantidade de medicamentos, entre outros fatores importantes.
O risco da medição na área da saúde
Justamente por ter muita importânciana área, a medição também é uma fonte considerável de riscos. Quando falamos de risco de medição, consideramos 2 tipos de risco: o risco de uma falsa aceitação e o risco de uma falsa rejeição.
- O risco de uma falsa aceitação corresponde a aceitarmos um resultado que deveria ser reprovado;
- Já o risco de uma falsa rejeição tem a ver com reprovarmos um resultado que deveria ser aprovado.
Em uma indústria de manufatura, esses riscos significam prejuízos financeiros, o que já é bastante ruim. Entretanto, na área da saúde, pode significar a perda uma ou mais vidas; a ineficácia de um medicamento; a realização de um tratamento desnecessário, enfim; diversos problemas podem ser gerados com o risco de a medição ser imprecisa ou incorreta.
A metrologia aplicada às ciências da vida
A metrologia na área da saúde é uma preocupação mundial e no Brasil não é diferente. Um ponto importante é a criação da divisão do INMTRO – Metrologia aplicada às ciências da vida.
É a área da metrologia que vai atuar com o desenvolvimento de padrões, materiais de referências, métodos de medição e demais aspectos metrológicos relacionados a qualidade da saúde humana.
A busca pela melhoria da qualidade na área da saúde é um caminho extremamente necessário e a metrologia faz parte desse contexto, não podendo ser tratada de forma separada. As medições na área da saúde ainda são um grande desafio, como reconhecido pelo próprio INMETRO com a criação dessa nova área.
Portanto, a metrologia e a qualidade devem caminhar juntas na busca por uma saúde com resultados melhores, com riscos menores e com maior confiabilidade para o cliente (paciente), que é (e deve ser) sempre o centro de tudo!
Inclusive, a metrologia está tendo uma participação importante na produção de vacinas contra a Covid, visto que todos os vidros/frascos devem ter uma espessura definida, que é o que garante a qualidade do frasco para que não fique quebradiço ou que perca uma parte da vacina produzida. Assim todos tem que ser medidos, desde a medição do anel/bocal, corpo e fundo do frasco.